Cristiana Alves e Abimael Borges |
Em O Anjo do Jardim, conto que
intitula o livro, o autor aborda a ingenuidade de um garoto, que de forma
lúdica questiona os discursos sagrados e os profanos, ao conduzir o leitor a
pensar o que se esconde por trás da paisagem dos jardins do sítio, chafarizes
com sua sombria aparência, branca e fria jorrando água pelos orifícios, fosse
eles boca ou pênis.
A boca e o pênis, fontes de prazer, o
prazer do discurso, o prazer do sexo, o prazer que convida o leitor a
imaginar-se na antítese do viver “Sobre um lindo jeito de amar”, seja com a
ingenuidade de “Aprendiz do amor”, seja com a volúpia de entre “Seis paredes”,
“A história de outro beijo”, “ A estupidez de Ander”, “ Amor em combustão”, “ O
poeta censurado”, que não saberia o que dizer “Sobre o coração de Martim” ou
sobre “Carícias Torpes” quem sabe “Duas latinhas e um cigarro”, quais seriam as
fronteiras entre a linguagem e a perversão ou deveria dizer transgressão?
Que discurso proferirá o leitor após
ler: “Sobre aquilo que vale a pena” ou “Sobre a confissão de Eva”, quem sabe “Sobre
dores inexplicáveis” ou ainda “Sobre não ser o que se é para ser outro ser
depois”, “Fidelidade maculada”? Filosofará, transgredirá os discursos,
repensará atitudes ou fechará os olhos para a Arte que revela a vida em
palavras grafadas em forma de textos?
Neste livro também há espaço para
lembranças, lendas, crenças populares, riso, marcas da vida cotidiana que se
revela em “Malditos hidrômetros”, “O mistério da caipora”, “O sorriso
escondido”, “O lenhador”, “O outro”, "A cidade dividida”, “Caminho de
feira”, “A Lagoa e os pombos”, “Novidade de mulher”, “Coisa de família” e
"Casa de barro”.
Adianto
que o livro, "O Anjo do Jardim" é envolvente e, o leitor será
convidado a sorver as páginas, deliciando-se com a linguagem e com os discursos
que se entrecruzam entre o sagrado e o profano, o romântico e o erótico, o
angelical e o tentador. Nesta obra, o leitor constatará que Abimael Borges é um
contador de histórias que aborda com maestria "os discursos
proibidos", com a sensibilidade daqueles que vivem a arte.
Cristiana Alves,
Mestre em Crítica Cultural pela UNEB.
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